sábado, 18 de janeiro de 2014

Saudade não traz ninguém de volta.


       Ultimamente, vejo muita coisa errada ao meu redor. Muita gente dando valor ao que não precisa ser dado, e desprezando o que mais se precisa agarrar com as duas mãos. A pergunta é: o que fazer quando você não tem mais "aquela pessoa"? Dá vontade voltar no tempo e fazer tudo o que você não fez, só pra ter ela de volta.
       Eu tenho vontade de voltar no tempo, só pra sentir o calor dos seus braços entrelaçados no meu corpo quando a gente estava deitado na sua cama, vontade de sentir aquelas cócegas que você me fazia, só pra me ver brava e me achar linda. E depois disso, fazer amor. Vontade de quando fazíamos brigadeiro juntos, e você ria de mim por eu não saber abrir a lata do leite condensado. Saudade de quando dormíamos juntos e eu acordava ao seu lado, cada vez mais apaixonada. Saudade dos nossos abraços apertados de saudade, depois de longas horas sem se ver. Saudade de você. Saudade da gente. Saudade de mim.
       É, saudade de mim, acredita? Mesmo sendo feliz, faltava alguma coisa. E essa "alguma coisa", era eu. Dá pra acreditar? Sim, eu. Porque amor é vôo. "Deixe livre; se voltar, é seu. Se não voltar, nunca foi".


Valorize. Saudade não traz ninguém de volta.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Do diário de Maria, parte 2



Do diário de Maria:


Era uma vez um pássaro. Adornado com um par de asas perfeitas e plumas reluzentes, coloridas e maravilhosas. Enfim, um animal feito para voar livre e solto do céu, alegrar quem o observasse. Um dia, uma mulher viu este pássaro e se apaixonou por ele. Ficou olhando o seu vôo com a boca aberta de espanto, o coração batendo mais rápido, os olhos brilhando de emoção. Convidou-o para voar com ela, e os dois viajaram pelo céu em completa harmonia. 
Ela admirava, venerava, celebrava o pássaro. 
Mas então pensou: talvez ele queira conhecer algumas montanhas distantes! E a mulher sentiu medo. Medo de nunca mais sentir aquilo com outro pássaro. E sentiu inveja, inveja da capacidade de voar do pássaro. 
E sentiu-se sozinha. 
E pensou: "Vou montar uma armadilha. A próxima vez que o pássaro surgir, ele não mais partirá." 
O pássaro, que também estava apaixonado, voltou no dia seguinte, caiu na armadilha, e foi preso na gaiola. Todos os dias ela olhava o pássaro. Ali estava o objeto de sua paixão, e ela mostrava para suas amigas, que comentavam: Mas você é uma pessoa que tem tudo. Entretanto, uma estranha transformação começou a processar-se: como tinha o pássaro, e já não precisava conquistá-lo, foi perdendo o interesse. O pássaro, sem poder voar e exprimir o sentido de sua vida, foi definhando, perdendo o brilho, ficou feio - e a mulher já não prestava mais atenção nele, apenas na maneira como o alimentava e como cuidava de sua gaiola. 
Um belo dia, o pássaro morreu. Ela ficou profundamente triste, e vivia pensando nele. Mas não se lembrava da gaiola, recordava apenas o dia em que o vira pela primeira vez, voando contente entre as nuvens. 
Se ela observasse a si mesma, descobriria que aquilo que a emocionava tanto no pássaro era a sua liberdade, a energia das asas em movimento, não o seu corpo físico. Sem o pássaro, sua vida também perdeu o sentido, e a morte veio bater à sua porta. 
"Por que você veio?" perguntou à morte. 
"Para que você possa voar de novo com ele nos céus" respondeu a morte. "Se o tivesse deixado partir e voltar sempre, você o amaria e o admiraria ainda mais, - entretanto, agora você precisa de mim para poder encontrá-lo de novo."